A Vida É Trem-bala Parceiro
Eu estava aqui escutando a música “Trem- bala” da Ana Villela e acabei viajando nas verdades contidas nela, que fala tanto e tão sutilmente da fragilidade do nosso ser, para quem não sabe a Ana Villela escreveu essa música após o avô dela falar que estava preocupado, pois os amigos dela não estavam mais indo a casa dela...
E fiquei aqui lembrando de como não existe um meio de pensar na vida sem lembrar-nos da morte ou de pensar na morte sem automaticamente ser remetido a vida.... E a cada instante me convenço mais de que, a vida e a morte são complementos de si...
Trabalho há 5 anos em uma empresa funerária e não teve um dia destes 5 anos em que eu não tenha escutado coisas do tipo “você não tem medo de trabalhar aqui não?”, “Você não tem medo de ficar aqui sozinha não?”, “Como você aguenta olhar para esse tanto de caixão?”, “Eu não conseguiria trabalhar aqui!”...
O que as pessoas não entendem é que a morte é a certeza da vida tanto como a vida é a certeza da morte, mas nós ignoramos....
Ignoramos os recados, as certezas, momentos, ignoramos o tempo... Vamos boicotando aqui, protelando lá... E de repente acaba, e quando acaba é que vamos falar do amor, do afeto e da administração...
Em seu diário Anne Frank escreveu “Os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão.” E querem saber o que me encanta nessa frase? Que uma menina de aproximadamente 15 anos que passou cerca de uma ano presa para sobreviver tenha percebido o que não enxergamos gozando de algumas liberdades que insistimos em não viver... Não bastando Anne ainda diz uma outra verdade que ignoramos “As lembranças são mais importantes que os vestidos.”
Somos tolos esse é o grande ponto. Somos tolos, mas jamais poderemos dizer que não fomos avisados... Sim fomos avisados, pelas músicas, pelas partidas inesperadas, repentinas, comoventes e tantos outros adjetivos possíveis e imagináveis....
Fomos avisados a cada segundo que alguém apenas o escorregou a tênue linha entre vida e a morte, mas como assim não sabíamos que alguém iria embora e por isso não demos o último beijo ou o último adeus???? Sim, sabíamos que aconteceria, porém não sabíamos quando... A questão é que o “quando” é variável para cada indivíduo, a como a Ana Villela nos lembrou “A vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro esperando partir...”
Sim, eu sei que o assunto é maçante, porém é o que ninguém entende de forma real e profunda... É só não entendemos pela ausência das certeza de que vivemos como se soubéssemos que íamos morrer, o tempo passa e sequer vemos até que é tarde demais, tarde demais para falarmos o quanto é como amávamos, admirávamos....
E porque desse assunto maçante? Sabe qual a vantagem de trabalhar em uma Funerária? ( É acredita ele existe!) É que podemos entender isso de perto, de dentro, com listas ampliadas que o desespero da perda muitas vezes é remorso pelo que não foi feito, pelo amor não entregue... Nossa humanidade nos faz ter saudades e isso é fato, mas é essa mesma humanidade que nos diz que devíamos fazer mais, mais que cantar “gostava tanto de você”, precisamos aprender a conjugar o verbo no tempo em que temos... O agora...
Estar onde estou me fez entender a morte e foi caminhando bem na margem desse momento, ajudando quem passa por ele, quando eu mesma passava por ele que entendi a importância de dar o que tenho, sem mas, sem medo, sem reserva ou receio... Foi só nesse trabalho e nas coisas que vi, nas flores que cuidadosamente coloquei em cada corpo, nas lágrimas que por Deus e para Deus enxuguei e orei, que eu entendi o que hoje é canção “A vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro esperando partir.”
Agora eu pergunto a você...
E se Deus te desse só o amanhã, para sentir o que nunca sentiu, para ver o que nunca viu, para uma última oração... Qual seria sua última oração? O que sentiria? Seja mais que uma razão pela qual viver, tenha uma causa pela qual morrer! Se é preciso intensidade aqui seja intensamente amor, intensamente verdade, intensamente alguém que viveu como quem soube que iria morrer, para que ao morrer as pessoas saibam que você morreu como quem soube viver
E fiquei aqui lembrando de como não existe um meio de pensar na vida sem lembrar-nos da morte ou de pensar na morte sem automaticamente ser remetido a vida.... E a cada instante me convenço mais de que, a vida e a morte são complementos de si...
Trabalho há 5 anos em uma empresa funerária e não teve um dia destes 5 anos em que eu não tenha escutado coisas do tipo “você não tem medo de trabalhar aqui não?”, “Você não tem medo de ficar aqui sozinha não?”, “Como você aguenta olhar para esse tanto de caixão?”, “Eu não conseguiria trabalhar aqui!”...
O que as pessoas não entendem é que a morte é a certeza da vida tanto como a vida é a certeza da morte, mas nós ignoramos....
Ignoramos os recados, as certezas, momentos, ignoramos o tempo... Vamos boicotando aqui, protelando lá... E de repente acaba, e quando acaba é que vamos falar do amor, do afeto e da administração...
Em seu diário Anne Frank escreveu “Os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão.” E querem saber o que me encanta nessa frase? Que uma menina de aproximadamente 15 anos que passou cerca de uma ano presa para sobreviver tenha percebido o que não enxergamos gozando de algumas liberdades que insistimos em não viver... Não bastando Anne ainda diz uma outra verdade que ignoramos “As lembranças são mais importantes que os vestidos.”
Somos tolos esse é o grande ponto. Somos tolos, mas jamais poderemos dizer que não fomos avisados... Sim fomos avisados, pelas músicas, pelas partidas inesperadas, repentinas, comoventes e tantos outros adjetivos possíveis e imagináveis....
Fomos avisados a cada segundo que alguém apenas o escorregou a tênue linha entre vida e a morte, mas como assim não sabíamos que alguém iria embora e por isso não demos o último beijo ou o último adeus???? Sim, sabíamos que aconteceria, porém não sabíamos quando... A questão é que o “quando” é variável para cada indivíduo, a como a Ana Villela nos lembrou “A vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro esperando partir...”
Sim, eu sei que o assunto é maçante, porém é o que ninguém entende de forma real e profunda... É só não entendemos pela ausência das certeza de que vivemos como se soubéssemos que íamos morrer, o tempo passa e sequer vemos até que é tarde demais, tarde demais para falarmos o quanto é como amávamos, admirávamos....
E porque desse assunto maçante? Sabe qual a vantagem de trabalhar em uma Funerária? ( É acredita ele existe!) É que podemos entender isso de perto, de dentro, com listas ampliadas que o desespero da perda muitas vezes é remorso pelo que não foi feito, pelo amor não entregue... Nossa humanidade nos faz ter saudades e isso é fato, mas é essa mesma humanidade que nos diz que devíamos fazer mais, mais que cantar “gostava tanto de você”, precisamos aprender a conjugar o verbo no tempo em que temos... O agora...
Estar onde estou me fez entender a morte e foi caminhando bem na margem desse momento, ajudando quem passa por ele, quando eu mesma passava por ele que entendi a importância de dar o que tenho, sem mas, sem medo, sem reserva ou receio... Foi só nesse trabalho e nas coisas que vi, nas flores que cuidadosamente coloquei em cada corpo, nas lágrimas que por Deus e para Deus enxuguei e orei, que eu entendi o que hoje é canção “A vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro esperando partir.”
Agora eu pergunto a você...
E se Deus te desse só o amanhã, para sentir o que nunca sentiu, para ver o que nunca viu, para uma última oração... Qual seria sua última oração? O que sentiria? Seja mais que uma razão pela qual viver, tenha uma causa pela qual morrer! Se é preciso intensidade aqui seja intensamente amor, intensamente verdade, intensamente alguém que viveu como quem soube que iria morrer, para que ao morrer as pessoas saibam que você morreu como quem soube viver
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Obrigada por ler, Deus te abençoe grandemente